Dono de parte do passe de Neymar diz se sentir “traído”


O empresário brasileiro Delcir Sonda, sócio-fundador do grupo que detém a DIS e responsável pelas denúncias de irregularidades na transferência do brasileiro Neymar ao Barcelona, afirmou nesta quinta-feira se sentir “traído” e não ter sido informado das negociações.

“Me sinto traído moral e economicamente”, declarou Sonda em coletiva de imprensa em Madri, dois dias depois de Neymar e seu pai deporem diante da justiça espanhola por suposto “fraude” e “corrupção entre particulares”.

O empresário é sócio-fundador do grupo Sonda, proprietário da empresa DIS, que detinha 40% dos direitos esportivos de Neymar quando o jogador foi comprado pelo Barcelona em 2013.

O grupo DIS denunciou Neymar e seu pai, o Santos e o Barcelona ao se considerar prejudicado na transferência.

“Ainda não sabemos qual foi o valor real da transação”, afirmou José Barral, diretor-geral do grupo Sonda, na mesma coletiva de imprensa, insistindo que “temos direito a 40%”.

“Delcir só soube da transação pela imprensa. Nem o Santos, nem o Barcelona, nem Neymar o contataram sobre este assunto. Ele tem uma participação no negócio e ficou sem saber o que aconteceu”, explicou Barral.

O Barcelona avaliou oficialmente o valor pago por Neymar, de 23 anos, em 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família de Neymar e 17,1 para o Santos), mas a justiça espanhola calcula que a negociação foi de pelo menos 83,3 milhões de euros.

O DIS, que recebeu 6,8 milhões de euros dos 17,1 pagos ao Santos, se considera duplamente prejudicado: primeiro por contratos anexos, dos quais o fundo não recebeu sua parte e que teriam servido para ocultar o valor total da operação e, depois, por um acordo de exclusividade entre o Barça e Neymar, que impedia outros clubes de apresentar ofertas.

Sonda afirmou que, na mesma época que o Barcelona tinha este pré-contrato com Neymar, o pai do jogador “tentava chegar a um acordo para comprar os 40% correspondentes ao DIS por cerca de 4 milhões de euros”.

O empresário afirmou que rejeitou a proposta, lembrando que na época o jogador já valia cerca de 60 a 70 milhões de euros. “Me sinto vítima de um assalto”, afirmou Sonda, que investiu cerca de dois milhões de euros em Neymar quando o jogador ainda era só uma jovem promessa.

O empresário, que lembrou a grande relação pessoal que tinha com Neymar e sua família, insistiu que não conseguiu conversar com o jogador desde a transferência.

Neymar compareceu na terça-feira para depor diante do juiz José de la Mata, da Audiência Nacional (principal instância penal espanhola), e afirmou que só assinava os papéis e contratos entregues por seu pai e que desconhecia os detalhes das negociações.

Neymar pai também depôs no mesmo dia e fez questão de inocentar o filho.

Sonda afirmou nesta quinta-feira que nem Neymar, nem o Barcelona e nem o Santos responderam às perguntas de seu advogado durante o depoimento.

O empresário terminou a coletiva com uma mensagem pessoal a Neymar, afirmando que “é um jogador excepcional”, mas que precisa “mostrar a mesma maturidade que ganhou no campo” para resolver os problemas judiciais na Espanha e no Brasil.

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