Brasil obtém R$ 565 milhões na balança comercial do futebol – onde está o dinheiro?


As chuteiras pretas de cravas metálicas e a camisa da Seleção Brasileira, de quando o escrete nacional ainda levava o escudo da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), são de Pelé. O contrato com número de registro 61.284 tinha três anos de vigência, mas isso, em 1960, quase não importava. Edson Arantes do Nascimento ficou 18 anos no Santos. Mudou-se para o New York Cosmos só no fim da carreira, em 1975. Os tempos mudaram. No período entre Pelé e outro santista, Neymar, dos anos 2010, o Brasil se tornou o maior “exportador” de “pé-de-obra” do mundo. Ninguém veste as mesmas cores por 18 anos, atletas vão embora ainda adolescentes, à procura de oportunidade, e transferências viraram torneiras de dinheiro.
Eis alguns números da CBF, revelados por ÉPOCA com exclusividade, que explicam como o mercado de transferências internacionais funciona no Brasil. Em 2015, o país “exportou” 1.212 atletas, dos quais 771 profissionais, 232 amadores e 209 profissionais que topam deixar clubes profissionais brasileiros para jogar em amadores estrangeiros – por aí se vê quão degradado está o mercado nacional. Só houve dinheiro em 99 vendas. Todas as demais trocas de território saíram de graça para o cartola gringo. Por meio das 99 transações, entraram R$ 679,7 milhões nas contas bancárias dos clubes brasileiros. A média é de R$ 6,8 milhões obtidos para cada jogador vendido.
No mesmo ano, o Brasil “importou” 648 jogadores – 580 profissionais e 68 amadores. Ninguém de fora esteve disposto a encarar a várzea tupiniquim. Aquele argentino que teu time contratou para engrossar a zaga entra nesta conta. O lateral uruguaio, também. Eles e todos os outros vêm ao Brasil atrás de salários um pouco maiores do que em seus países, geralmente desvalorizados por moedas mais fracas do que o real. Só que apenas 15 foram efetivamente comprados por cartolas brasileiros. A soma dá R$ 114,3 milhões. Quer dizer que, quando um dirigente compra os direitos econômicos de um hermano ou outro gringo qualquer, gasta em média R$ 7,6 milhões.

A balança comercial do futebol brasileiro em 2015 (Foto: Arte ÉPOCA)

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